quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

AS PRIORIDADES DE CRISTO

Mc 1:29-39

Introdução:

Temos tentado descortinar a pessoa de Jesus pelas suas ações e palavras. Meditamos na sua autoridade, tanto no ensino como sobre os demônios. A fim de conhecermos mais a pessoa de Jesus podemos considerar uma dia em sua vida [24h] e perceber como Ele usava seu tempo e seus esforços. Assim por meio de sua agenda podemos notar a grandeza de Jesus, podemos admirá-Lo e conhecê-Lo, e assim amá-Lo e adorá-Lo mais e mais bem como amoldar-nos ou nos conformamos com Seu caráter santo. As suas atividades determinam suas prioridades. Então consideremos quais sejam as prioridades de Jesus...

I. A COMPAIXÃO INDIVIDUAL [29-34]

1. Jesus preocupa-se com a pessoa

Após a tumultuada cena na sinagoga, Jesus vai a casa de Simão e André, com Tiago e João. Ali ele é informado que sua sogra está acamada. Ele a levanta e tomando pela mão. Sua cura é instantânea. Jesus demonstra assim que ele não está preocupado em ministrar apenas em lugares públicos, ele vai aos indivíduos até suas casas. Preocupa-se com pessoas em particular, não só com multidões. Ele não precisa de público para demonstrar seu poder. Ele não age exclusivamente sob holofotes, diante de platéias.

Este aspecto é profundamente cativante na pessoa do mestre. Nos dias atuais em que principalmente as pessoas estão despersonalizadas. São tratadas não em sua individualidade, mas como massa, aos montes, aos números. Jesus lida com pessoas, não somente em grande quantidade, mas na individualidade.

Lucas faz um observação pertinente, mesmo na cura das multidões, Jesus “os curava, impondo as mãos sobre cada um” [Lc 4:40]. Ele tinha um contato pessoal, um cuidado individual, ele não valorizava um número numa massa, mas a pessoa.

2. Jesus preocupa-se com diferentes tipos pessoas

Além de revelar sua compaixão direcionada [tratamento pessoal], vemos aqui o tipo de pessoa que Jesus trata, aborda. Trata-se aqui de uma mulher sendo sogra de Pedro [detalhe contra o dogma do celibato católico]. Jesus não focaliza-se apenas nos seus discípulos, mas dar atenção a diversos tipos de pessoas em seu ministério: homens e mulheres, crianças, jovens, velhos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, religiosos e pagãos, justos e injustos, doentes e são. Jesus não fez opção pelos pobres, fez opção pelos pecadores.

3. Jesus se desgasta em prol das pessoas

Sua compaixão suga sua vida, seu tempo e suas forças. O texto afirma que ao anoitecer Jesus fez “hora extra”. No sábado pregara na sinagoga, ao meio dia foi à casa de Pedro e ao pôr-do-sol estava ministrando as vidas das pessoas [curando e expelindo demônios]. Assim ele se desgasta, ele se entrega, ele doa-se.

Duas considerações:

a. A natureza grave da doença. Tratava-se de uma doença grave, de fato mortal [malária provocava febre e calafrio] lembremos que não se dispunham ali dos recursos que hoje se dispõe [Jo 4:52].

b. A natureza real da cura. Aquela mulher foi verdadeiramente curada. Não houve engodo, truque, magia, nem manipulação.

Este tema é bastante pertinente, visto que assistimos frequentemente pela TV líderes religiosos que julgam fazer curas ao vivo. Demonstrando assim que são pessoas ungidas e seus ministérios são de Deus, logo as pessoas precisam continuar contribuindo para que ele mantenha seu programa no ar. É preciso entender como e porque Jesus curava, qual era a razão maior dele usar este aspecto em seu ministério, e assim seremos capazes de avaliar as curas modernas.

II. A DEVOÇÃO PESSOAL [35-36]

A vida piedosa de Jesus, ou seja, seu relacionamento com Deus por meio da oração era prioritário em sua vida. Alguns aspectos revelam o quanto a vida de oração de Jesus era fundamental:

1. Veja sua condição física

O cansaço físico não impedia Jesus de orar. O dia anterior de Jesus foi intenso. Creio que Jesus estava exausto. Ele era humano, não um “super-homem”. Assim como qualquer outro sente as limitações impostas pela sua humanidade. Mas mesmo assim ele orou.

É profundamente irônico que algumas pessoas não oram porque dizem que estão cansadas. É irônico porque creio que a oração é tremendo meio para a restauração do homem. Diante de face de Deus o homem se refaz e se restaura em todos os sentidos.

Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. 30 Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, 31 mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.[Is 40:29-31]

2. Veja o horário

Outro detalhe é a que hora Jesus foi orar. Eu creio que seja entre 4-5h da manhã. Este detalhe é importante porque é a primeira coisa que Jesus faz no dia, antes de qualquer outra atividade.

Infelizmente, percebo que se não priorizarmos logo está com Deus cedo, dificilmente acharemos oportunidade durante o dia. Não que você não possa buscá-lo outro horário. Não há tempo sagrado para buscar a Deus, apenas estrategicamente cedo pode trazer maiores benefícios.

3. Veja o lugar

Outro aspecto é onde Jesus ora. Veja que nem o tempo e nem o lugar é sagrado. Mas devemos reconhecer que não é possível ter um devocional de qualidade em qualquer lugar. É preciso buscar um lugar adequado, sem distrações, sem barulhos. Jesus falara disto no sermão do monte

Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.[Mt 6:6]

4. Veja que ele estava só

Temos dois tipos de oração que devemos praticar em nossas vidas: A comunitária e a particular. Ambas são fundamentais. Na comunitária oramos uns pelos outros e oramos uns com os outros. Revelamos assim que somos uma família e que precisamos estar juntos. É por isso que temos a quarta de oração, a oração dos homens e mulheres e as vigílias.

Mas a oração particular é decisiva e fundamental. É a sobrevivência da alma. Ali estamos sós. Eu diria que é a mais difícil. Não podemos nos esconder, temos que lutar sozinho. Jesus não se separou porque não queria orar com seus discípulos, mas porque sabia que sua comunhão com o Pai é prioritária. Seu ministério depende desta comunhão.

E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só.[Mt 14:23]

Ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia.[Gn 32:24]

5. Veja a pressão externa

O ativismo é uma tentação. Eu sei bem disto. Achamos que agir tem sempre a prioridade. As atividades são exigentes e a oração pode esperar. Pedro e os discípulos foram atrás de Jesus como quem ditando a agenda. Havia uma pressão, as pessoas já estavam ali para serem curadas, havia uma multidão – Todos te buscam [v.37]

“Se deixo de passar duas horas em oração cada manhã, o inimigo obtém a vitória durante o dia; tenho muitos assuntos que não posso despachar sem ocupar três horas diárias de oração” [Lutero]

Aplicação:

Como está sua vida de oração? [Fonte: www.bomcaminho.com]
D.M.Lloyd-Jones

“Qual é o lugar da oração em sua vida? Que proeminência a tem em nossas vidas? É uma pergunta que eu dirijo a todos. É necessário que ela atinja tanto o homem que é bem versado nas Escrituras e que tem um bom conhecimento de doutrina e teologia, quanto a qualquer outro. Que lugar a oração ocupa em nossas vidas e quão essencial ela é para nós? Será que temos percebido que sem ela desfalecemos?

Nossa condição definitiva como cristãos é testada pelo caráter da nossa vida de oração. Isso é mais importante que o conhecimento e o entendimento. Não pensem que eu estou diminuindo a importância do conhecimento. Tenho passado a maior parte da minha vida tentando mostrar a importância de se ter um bom conhecimento e entendimento da verdade. Isso é de importância vital. Só há uma coisa que é mais importante: a oração. O teste definitivo da minha compreensão do ensino bíblico é a quantidade de tempo que eu gasto em oração. Como a teologia é, no final das contas, conhecimento de Deus, quanto mais teologia eu conheço, mais ela deveria me guiar na busca desse conhecimento. Não se trata de conhecer sobre Ele, mas de conhecê-lO. O objetivo inteiro da salvação é me trazer a um conhecimento de Deus. Eu posso aqui falar de uma maneira acadêmica sobre regeneração, mas o que é, afinal, a vida eterna? É que eles possam conhecer a Ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste. Se todo o meu conhecimento não me conduz à oração, certamente há algo de errado em algum lugar. Espera-se que ele faça exatamente isso. O valor do conhecimento é que ele me dá uma tal compreensão do valor da oração, que eu passo a dedicar tempo a ela e a me deleitar com ela. “Se meu conhecimento não produzir esses resultados em minha vida, há algo de errado e espúrio nele, ou então devo estar lidando com este conhecimento de uma maneira completamente equivocada.”


III. A PREGAÇÃO MINISTERIAL [38-39]

A cura da sogra de Pedro provocou a uma explosão de pessoas atrás de Jesus para ser curadas. Então o que Jesus deve fazer? Pautar seu ministério em curar as pessoas? Foi para isto que ele veio? É Jesus um curandeiro? O ministério de Jesus vai ser centralizado em curas? Vemos na postura de Jesus duas verdades sobre seu a natureza do seu ministério:

1. A pregação era o centro de todas as suas atividades

Quando os discípulos viram que o ibope de Jesus estava aumentando devido às curas e exorcismos [não é interessante que as igrejas que falam só disto atraiam multidões]. Jesus estava se tornado um sucesso. Seu ministério estava de vento em popa na ótica dos discípulos. [Afinal o sucesso não é medido pelos números?]. Eles correram atrás de Jesus a fim de determinar sua agenda.

Mas Jesus não cede a pressão, não se sujeita ao apelo popular. Ele não sai cedo de manhã para curar as pessoas, mas para orar e depois não se sujeita a esta orientação. Ele estava em comunhão com Deus, ele sabe o que Deus espera de sua vida. Sua vida não é determinada pela vontade das pessoas, mas no altar, na presença do Senhor.

Então o que ele faz? “Vamos...a fim de que eu pregue” [v.39]. Jesus percebe que as motivações das pessoas em Cafarnaum estão erradas, ele não é curandeiro que veio simplesmente curar enfermidades e nem um exorcista que veio expulsar demônios, ele é um pregador. E sem a pregação não há salvação! Sem a pregação não há arrependimento! [1:15].

Jesus afirma assim a natureza de sua missão: Ele veio proclamar o reino de Deus, chamar as pessoas a se arrependerem e crerem para que sejam perdoadas.

2. A pregação é mais importante que seus milagres

O ministério de cura e libertação não é o centro de sua vida. Não adianta curar uma pessoa ou tirar seu demônio e ela perde-se no inferno. Cura não é salvação, libertação de demônios não é salvação. Jesus afirmou que é bem melhor entrar cego ou manco do que saudável no inferno.

A pregação está acima de todas as atividades de Jesus, sem ela não há reino, sem ela não há arrependimento, sem ela não há salvação!

Aliás não há maior milagre que pode acontecer quando uma pessoa é transformada em seu coração,em sua vida. Confesso de púlpito que não sei se Deus já operou algum milagre de cura através de mim, mas sei que pela graça de Deus ele já operou em mim e por meio de mim o maior milagre que o mundo pode ver: A salvação de uma alma!

Não maior privilégio que tenho tido em minha vida de pregar a Palavra do Senhor, em sei que não sou digno, quando vem a esse púlpito fico alegre, minha alma se derrama com a honra que o Senhor me dar em falar dEle. Spurgeon afirmou aos seus alunos: “Se os reis vos convidarem para sedes ministros de Estado, não vos rebaixes, deixando o honrado posto de embaixadores de Deus”

Conclusão:

Quais são suas prioridades? Qual é sua agenda? Em que você tem gastado seu tempo e seus recursos? O que tem consumido a sua vida? Eu quero sugerir entre outras coisas estas três que foram vista na vida de Jesus:

1. Use sua vida na compaixão pelos outros! Doe-se e se desgastem amando e servindo que está sofrendo e quem está oprimido.
2. Use sua vida em oração. Gaste tempo diante de Deus. Dedique-se mais a oração!
3. Use a sua vida na pregação. Fale do evangelho. Fale da mensagem de Cristo. Fale do Salvador!

Pr. Luiz Correia
[Deus meus et omnia]