quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

QUADROS DA VIDA

Mc 1:40-45

Introdução:

Jesus foi visto na ultima mensagem em três ângulos, pela sua compaixão, devoção e pregação. Quero insistir em ver mais um pouco de Jesus, hoje me proponho a pintar, usando pincel da palavra, alguns quadros. Vou pintar alguns quadros da vida, são dramáticos, existenciais, humanos, contrastantes e reveladores. Posso arriscar a dizer que vemos por meio destes quadros aspectos do homem, vislumbres de natureza e de sua situação, ao mesmo tempo e principalmente, deslumbra-se a natureza de Deus, revelada na face de Cristo. Vamos aos quadros da vida...

I. UM QUADRO DA DOR

1. Física

Lepra [hanseníase] era termo para doenças da pele [72 co-relacionadas], tanto curáveis como incuráveis, podendo ser contagiosas, degenerativas e mortais. Esta, no caso era repulsiva, lenta, progressiva, incurável e grave. O leproso era visto como um morto-vivo. Era a pior enfermidade da época, era a AIDS de nossos dias. A lepra ataca além da pele, sangue, carne e os ossos, levando a amputação de parte do corpo. Esse homem possuía uma quadro crônico, segundo Lucas [médico] ele estava “coberto de lepra” [Lc 5:12]

2. Social

A lepra tinha desdobramento social. O leproso deveria ser isolado da família e comunidade. Não podia freqüentar templo e sinagoga. Vivia em cavernas ou em colônias [leprosários]. Essa lei visava proteger a comunidade.

O contato humano era proibido. A lei de Moisés proibia o leproso se aproximar e quando alguém se chegava ele tinha que gritar usando com um sino no pescoço: Imundo, imundo!

As vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e os seus cabelos serão desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: Imundo! Imundo. Será imundo durante os dias em que a praga estiver nele; é imundo, habitará só; a sua habitação será fora do arraial. [Lv 13:45-46]

3. Emocional

Diante deste quadro físico-social, o leproso certamente sofria emocionalmente. Imagine como devia viver um leproso banido do lar. Ele perdia o contato com familiares, rejeitado por todos, banido do culto, tão importante para o equilíbrio emocional. A culpa, a vergonha, a rejeição certamente um fardo terrível para nossas emoções.

4. Espiritual

A lepra era um símbolo da ira de Deus contra o pecado. Era considerado um castigo ao pecador. No VT vemos Deus castigando a rebeldia de Miriã, a mentira de Geazi e o orgulho de Uzias com lepra. O simbolismo entre a o pecado e lepra tem suas implicações [Hernandes Dias Lopes - Marcos - Hagnos]

a. A lepra é mais profunda que a pele, o pecado não é algo superficial. Ele contamina a vida toda. O pecado atinge o homem totalmente, sua mente, suas vontades, seus relacionamentos, palavras, pensamentos e ações.
b. A lepra separa. O pecado separa o homem de Deus e do próximo.
c. A lepra insensibiliza. O leproso perde a sensibilidade. Não sentia queimadura, a pessoa perdia parte dos membros. O pecado anestesia o coração, cauteriza a mente e mortifica a alma. É como um sapo no caldeirão que vai esquentando aos poucos até a morte.
d. A lepra deixa marcas. A lepra degenera, deforma, deixa terríveis marcas e cicatrizes. O pecado deixa marcas no corpo, da família e na alma.
e. A lepra contamina. O pecado contamina, é comparado com fermento [I Co 5:6] é uma maça podre. [Sl 1:1]
f. A lepra mata. O salário do pecado é a morte [Pv. 6:23], ele destrói o corpo, a alma, separando o homem eternamente de Deus.

II. UM QUADRO DE FÉ

Vemos uma pessoa que crê que vence dúvidas e com convicção busca solução para sua situação. Que crê no impossível e crê nos milagres. Ele vê o invisível!

1. A ação da fé

A fé age. A fé não é apenas informação, mas ela nos leva a ação. A fé é dinâmica e ativa.

a. Ele se aproxima

O leproso venceu o medo, o repudio, ele saiu da caverna, ele vence a dor, a mágoa, a solidão e a frustração, a desesperança. Ele rompeu a zona de proteção. Imagine quando ele se aproximou, as multidões fugiram! Dispôs-se enfrentar o desprezo, gritaria, rejeição e mesmo pedradas.

Não importa que situação você esteja, não importa o quadro que você esteja! Se aproxime de Deus! Se aproxime de Jesus. Não corra dEle, corra para Ele [Mt 11:28].

“As pessoas não estão perdidas porque são tão más para serem salvas, mas estão perdidas porque não querem vir a Cristo para serem salvas” [J.C. Ryle].

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. [Jo 6:37]

b. Ele se humilha

Ele se ajoelhou [1:40], prostrou-se com o rosto em terra [Lc 5:12] e adorou o Senhor [Mt 8:2]. Ele reconhece a majestade e o poder de Jesus.

Essa é certamente a maior de nossa necessidade! Se humilhar diante de Deus é vital para nossa vida. Aos pés do Senhor é o lugar onde devemos ficar. É o lugar de nossa glória, é lugar de vida, de restauração!

c. Ele pede

O leproso sabe que Cristo pode, mas ele não exige, não reivindica, decreta, determina. Ele roga [se quiseres]. Ele não impõe. Ele não acha que tem direito ou que diante Deus ele tem crédito. Ele demonstra submissão a vontade de Deus.

2. A resposta a fé

a. Jesus se compadece

O texto desnuda o coração de Jesus, revela o seu interior. Cristo é empático. Ele sente a dor e miséria do outro. Ele se identifica. [v.41]. A tradução literal de “profundamente compadecido” é “tocado em suas entranhas ou em seu íntimo”.

b. Jesus toca-o

Penso que a aproximação do leproso deve ter afastado todos, menos Jesus. O puro tocou o impuro. Pela lei quem tocasse um impuro ficava impuro. Mas Jesus não ficou impuro, antes purificou o impuro. A imundícia não pode contaminar aquele que é santo, mas sua pureza limpa o homem, curando plenamente.

Aqui há um aspecto tocante. Ninguém o tocava por muitos anos. Quando se aproximava, todos fugiam. Imagine viver sem abraço, sem um ombro, sem um aperto de mão. Jesus podia curá-lo sem tocá-lo, mas a cura é emocional também!

Nós podemos curar muitas pessoas que estão “emocionalmente” leprosas, doentes. Por um abraço, um toque, um aperto de mão! Jesus pode tocar você também, se aproxime dEle com fé em humildade e confiança!

c. Jesus o cura

A tocar e ao falar a cura se realizou. O toque e a palavra realizaram a cura. “Se quiseres” é a palavra da fé, “eu quero” é a palavra de poder! “Pode-se purificar-me” é o desejo, “fica limpo” é o milagre, é a graça, é a benção!

A cura foi completa e imediata! Creio que Cristo ainda cura! Mas descreio de muitas curas de televangelistas que não passam por uma meticulosa investigação. São curas psicossomáticas. A mente sob forte emoção aliada à persuasão misturada com desejo opera no corpo passando a ilusão de que ela foi curada. Nisto os sintomas são neutralizados pela mente, enquanto que a enfermidade permanece.

III. UM QUADRO DE DESOBEDIÊNCIA

1. As ordens de Cristo

a. Não conte a ninguém

(1) Para que seu ministério não fosse confundido com a uma cruzada de milagres.
Acontecera isto anteriormente e Jesus decidiu sair daquela região por esta causa [1:37-38]. Aqui novamente Jesus orienta para que ele não fale para que não se confunda sua missão. Ele não quer ser visto como operador de milagres, ele veio para tratar o pecado e redimir o homem da sua enfermidade espiritual. Jesus é portador das boas-novas.

(2) Para não despertar precocemente a oposição dos líderes judeus.
Jesus sabia que os líderes judeus seriam seus opositores e essa oposição poderia levar a uma crise prematura e desnecessária.

b. Vai ao Sacerdote e oferece testemunho

O sacerdote era autoridade religiosa e sanitária que fornecia o atestado de saúde e pronunciava purificação [Lv 14:1-32]. Jesus reconhece a lei e ordena sua submissão. Jesus deseja também que os líderes e o povo tenham um testemunho de sua missão, de sua obra, de sua palavra.

2. A desobediência a Cristo

O homem não obedeceu. Sua alegria e entusiasmo levaram a propalar [continuamente]. Ele não podia fazer aquilo. Sua obediência esta acima de tudo e nada justifica a desobediência. Ele devia ficar calado e não ficou. Hoje contrário ocorre. Jesus nos manda falar e ficamos calados. Somos testemunhas [At 1:8], infelizmente e frequentemente testemunhas silentes!

3. O Preço da desobediência

Toda desobediência tem seu preço [v.45]. Aquela atitude gerou uma multidão de pessoas com as motivações erradas, atrás de milagres. Jesus não alimenta estas expectativas, não se sujeita a esse tipo de ministério. Jesus foi forçado a se afastar para poder manter a integridade de sua missão: Anunciar as boas novas!

Conclusão:

1. Veja a grande miséria humana!
2. Veja o grande amor de Deus!

Pr. Luiz Correia
[Deus meus et omnia]