sábado, 14 de março de 2009

BÊNÇÃOS DA PRESENÇA DE JESUS NA VIDA DO HOMEM [Parte 2]

Mc 12:23-28

Introdução:

No sermão anterior vimos duas bênçãos da presença de Jesus. Ele traz ACEITAÇÃO e ALEGRIA. Temos refletido este sermão a partir das oposições e críticas que os fariseus realizaram contra Jesus. A postura de Jesus vista pelo ângulo dos religiosos era inaceitável e pecadora. Jesus quebrou os paradigmas religiosos: Ao comer com pecadores e ao não jejuar. Jesus se opôs a uma visão religiosa que afastava as pessoas da verdadeira piedade. Estas situações de oposição são reveladoras da pessoa de Jesus, veremos mais uma situação que revela uma outra benção oriunda de presença de Jesus...

III. A PRESENÇA DE JESUS TRAZ LIBERDADE DO LEGALISMO RELIGIOSO

1. A Crítica a Jesus: Ele não guarda o Sábado

Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? O "vê!", pelo menos, não quer dizer que observaram a colheita dos grãos e obrigaram o mestre, que ia na frente, a olhar para trás. "Vê!" significa uma exigência a tomar posição. A intenção é colocar Jesus contra a parede: “Não feche seus olhos para a ação dos seus discípulos, não fuja! Temos provas de sua violação ao sábado ou foi intencional, programada, ou aconteceu por desleixo. Em ambas a situações você pecou, é digno de morte!”

Duas considerações:

a. Eles não estavam roubando [Dt 23:25, v.24]

Quando entrares na vinha do teu próximo, comerás uvas segundo o teu desejo, até te fartares, porém não as levarás no cesto. 25 Quando entrares na seara do teu próximo, com as mãos arrancarás as espigas; porém na seara não meterás a foice. [Dt 23:24]

Deus ordenara que os campos não fossem colhidos até à margem, mas que um pouco fosse deixado para viajantes carentes (Lv 19.9). Como as hospedarias eram raras, quase todos os que estavam a cami­nho se viam levados a recorrer a este expediente. Em momentos de fome apanhavam algumas espigas (Dt 23.26).

Acusação por trabalhar: Os fariseus os acusavam de “trabalhar” no sábado não de colher, em seara alheia. Lucas informa que “eles colhiam e comiam espigas, debulhando-as com as mãos. [Lc 6:1]”. Era tão somente para subsistência. Mas esse ato [colher, debulhar e preparar uma refeição] era uma quebra segundo os fariseus.

b. Eles estavam de viagem

É o que se deduz do verbo “atravessar” igual a 9:30, mas diferente de 1:16, 2:14. E da expressão chamativa “ao passarem” ("fazer um caminho") e significa "viajar".

Acusação por andar além do permitido: Isto seria mais um indício de que os discípulos andavam mais que o permitido no sábado.

2. A questão do Sábado

Era por demais importante o sábado para a religiosidade judaica. Era um mandamento bem enfatizado no AT. Sua quebra acarretava pena de morte. Esse ponto foi uma divergência entre Jeus e os fariseus, a ponto de ser uma dos motivos para sua morte.

"Esse homem não é de Deus, porque não guarda o Sábado", [ Jo 9.16 (cf 5.16)]

a. Seu Ensinamento: O 4° Mandamento

Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. 10 Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; 11 porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou. [Ex 20:8-11]

b. Seu Legalismo

[O que é legalismo? É a sujeição a códigos [regras] religosos de forma zelosa e sem entendimento através do qual o homem visa demonstrar sua religiosidade.]

O legalismo dos fariseus tranformou o sábado que deveria ser uma benção, uma festa e alegria em fardo sufocante, em um carrasco. Eles tinham acrescentado 39 regras sobre a maneira de guardar o sábado:

Por exemplo, era proibido colher [subindo] ou pegando do chão árvore de frutas! Não era permitido procurar insetos nas roupas no sábado, fazer nós, acender lâmpadas, escrever mais de uma letra, colocar talas em um braço quebrado (só fazer compressas frias), comer um ovo posto no sábado. Alguns devotos não se atreviam a fazer suas necessidades no sábado. No caso da viagem de Jesus ela ocorreu em um sábado, de modo que a "jornada de um sábado" permitida pela lei, de 880 m, com certeza foi ultrapassada

Todo este fardo legalista atentava para o propósito original do sábado, que era um relacionamento harminioso do homem com seu Deus. Isto fazia o contrário! As vezes beirava a ser deseumano: Os mais rigorosos ficavam firmes em sua convicção de que era melhor deixar seres humanos e animais se afogarem do que quebrar o sábado. Portanto, pelas normas legalista, Jesus e o discipulos pecaram contra o sábado.

Aplicação:

Exemplos de legalismo moderno: “Não comerás carne” “Não vestirás calças compridas” “Não frequentarás teatro ou cinema” “Não jogarás futebol” “Não cortarás os cabelos” “Não usarás jóias”.

Toda religiosidade baseada em legalismo descamba para o orgulho e para a falta de amor, predominando um espírito crítico, rígido preso mais aos códigos e regras do que um verdadeiro relacionamento com Deus. O legalismo é um inimigo disfarçado da verdadeira santidade. Incapaz de eliminar o pecado, antes estimluamente da soberba daqueles que julgam guardar a lei.

Nosso realacionamento com Deus não é uma camisa de força, é uma resposta de nosso amor baseado na graça que nos alcançou e nos conquistou, essa graça nos convence a viver de uma forma santa e piedosa.

3. A resposta de Jesus:

a. O Exemplo de Davi [I Sm 21:1-6]

Jesus cita Davi afirmando que ele havia quebrado uma lei cerimonial comendo os pães de proposição que era só permitido aos sacerdotes comerem. [ver Data-Show]

Em cada sábado, Arão os porá em ordem perante o SENHOR, continuamente, da parte dos filhos de Israel, por aliança perpétua. 9 E serão de Arão e de seus filhos, os quais os comerão no lugar santo, porque são coisa santíssima para eles, das ofertas queimadas ao SENHOR, como estatuto perpétuo. [Lv 24:8-9]

Davi em face da necessidade [fome] comeu destes pães. Diante da situação ignorou aquela orientação pois a necessidade [sobrevivência] exigia! Assim Jesus tinha o mesmo direito de assim fazer, em face da necessidade ele quebrou não as leis cerimoniais de Deus, mas as regras e tradições humanas!

Os pães nunca foram tão sagrados quanto quando foi usado para alimentar aqueles homens. O sacerdote concordou de que a necessidade é mais importante do que regulamento. O arbitro final que define o que é sagrado não é o legalismo, mas o amor!

Aplicações:

(1) As leis de Deus são hierarquicamente dispostas. Há leis mais importantes do que outras. Há o maior mandamento e o segundo maior mandamento. [Mt 22:36-40]

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! [Mt 23:23]

(2) A Palavra de Deus é o fundamento maior de nossa conduta, não as tradições humanas. O que eu ou você devemos nos submeter é o que a Palavra de Deus exige e não em tradições ou critérios humanos.

b. O sábado foi criado por causa do homem

O sábado foi criado por Deus no Paraíso, dado a Adão [o sábado veio cronológicamente depois da criação do homem] e é util para toda a humanidade. Ele foi feito para a felicidade do homem! No sábado vemos alguns elementos:

(1) Elemento Terapêutico

O descanso físico e emocional de uma rotina estressante. O homem não é máquina! Ele possui uma dignadade e valor. Esta vida sem interrupção é destrutiva física e emocionalmente.

(2) Elemento Espiritual

O sábado não era um mera interrupção de trabalho físico. Não era para para fazer nada [ociosidade]. O sábado é um convite a adoração, a comunhão com Deus. O homem foi feito para deleitar-se em Seu criador. Adorá-lo, aprender dEle, conhecê-Lo. Em um mundo que quer sempre escravizar e que promove o trabalho sem parar, o povo de Deus cessa o trabalho ostensivamente e festeja seu Deus libertador.

(3) Elemento Social [Família]

O sábado também tinha a abrangência relacional. As famílias adoravam juntas, o pai e o filhos comungavam.

Os líderes pensavam que o homem concedia algo a Deus pelo fato de guardar o sábado, como se o homem pudesse por meio disso ganhar a sua salvação, Jesus ensina o contrário. Foi pelo sábado que Deus concedeu suas bênçãos ao seu povo. O dia foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.

Aplicação:

O Sábado seu valor ainda, não necessariamente o dia, mas o princípio subjacente, motivador é permanente. O princípio deve permanecer!

c. Jesus é o Senhor do Sábado

A autoridade de Jesus sobre o sábado não é porque o sábado tem valor humanitário, mas porque Ele é Senhor, também do sábado!

Ao afirmar que Ele é o Senhor do Sábado Jesus deixou claro que somente nele estava o verdadeiro sábado ou descanso espiritual. Verdadeiro descanso em Deus, verdadeira paz espiritual, são encontrados somente em Jesus Cristo. Porque o pecado nos separa de Deus, somente pela morte de Cristo e pela reconciliação mediante o Seu sangue é que a paz com Deus pode ser encontrada. Jesus é Senhor do sábado porque Ele veio para estabelecer esse descanso e concedê-lo ao Seu povo por meio da fé. Portanto está escrito

“Pois nós, os que cremos, é que entramos naquele descanso” (Hebreus 4:3).

O verdadeiro descanso para nossas almas angustiadas e sobrecarregadas pelo pecado vem do Senhor. [Mt 11:28] Portanto está escrito acerca da fé em Cristo, “pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas”
(Hebreus 4:10). Na obra da salvação por Cristo somente, concluída por Deus, reside a verdadeira paz com Deus e o descanso sabático eterno.

Em Cristo, mediante o perdão dos pecados, nós agora temos verdadeira paz com Deus,
o descanso sabático genuíno. Ao cristão diariamente, e não somente um dia a cada sete dias, é verdadeiramente o dia do Sábado no qual ele ingressa mediante a fé. Guardar o sábado do sétimo dia é procurar salvação pelas obras da lei, mediante obras pessoais. É uma rejeição daquilo que resultou no sábado do Senhor. Você já entrou no descanso do verdadeiro sábado? Você vive no gozo desse sábado?

Conclusão

Jesus é a nossa liberdade! Ele disse: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.[Jo 8:36] Ele nos liberta das amarras de uma religiosidade fútil e mortal, sem vida, sufocante, um fardo! O legalismo [ou religiosismo] é um veneno que asfixia e mata as pessoas. Chegou ao ponto de transformar aquilo que Deus criou para alegria, para o alívio, para a deleite do homem é uma fardo pesado e cruel. Agostinho bem afirmou: “quanto mais servos de Cristo somos, mais livres nos sentimos”.